tem uma frase que diz: para conseguir algo novo, é preciso tentar algo que vc nunca fez. Fiquei pensando nessa frase... ela serve para qualquer area da vida... e tenho pensado também sobre o encantamento. mais precisamente sobre "poções" - tristão e isolda, sonho de uma noite de verao. o veneno que apaixona, véu que se instaura nos olhos de quem vê.
Em Tristao e Isolda, a poçao serve para Isolda tomar quando encontrar-se com o Rei Mark, seu futuro marido, que ela nunca viu. Portanto, é uma forma de benção, uma mágica para tornar a obrigação um prazer.
No caso de sonhos de uma noite de verao, é um certo castigo, uma brincadeira de mau-gosto que acaba se tornando uma confusão. Porque uma vez que vc tenha tomado a poçao, a primeira pessoa que vc ve, vc se apaixona. Nesse caso, até por um asno!
Bem, mas a questão aqui é: precisamos da poção hoje em dia, quando tudo é tão liberal e não precisamos mais nos casar por encomenda? precisamos nos apaixonar por qualquer que seja, mesmo que ele seja um asno? Precisamos sofrer a tragédia de amar, como Isolda ao "negar" seu amor por Tristão? Nao poderia ela, hoje em dia, viver seu amor por dois homens? A tragédia está dentro de nós somente. E o amor... tem cada vez menos espaço para ele porque a gente tem preenchido buraco com pocões. A gente tem nos forçado ao encantamento porque hoje aos 30 anos numa metrópole, ainda vive-se a adolescência. E a poção está sempre aí, para encobrir-nos os olhos. Mas e o amor? E se ele nunca vier? E se vier tardiamente? Vivemos numa sociedade hedonista e imediatista. Por isso Harry Potter faz tanto sucesso. E o coração? É efêmero o sentido do sentimento? Teria ele mudado também com o tempo? Seria entao, nao falta ou escassez de amor, mas a transmutaçao do sentido? Pode ser. Nao tenho resposta se a poçao, nova tendencia, orienta-se ao bom sentido ou ao mau sentido. Mas sei que ela ilude e tem o efeito fast-healing. e o coraçao continua guardado dentro do peito. e deus torna-se mais palpavel e mais distante.
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