28/09/2010
arguto vaga-lume
Era uma vez um vaga-lume que decidiu fazer alguma coisa da vida. Se matriculou na escola e lá, o professor estava ensinando os seus pupilos a fazerem flores, com pétalas, cores e odores. Todos estavam muito apreensivos, afinal de contas, iriam fazer as flores para o mundo e para as pessoas. O vaga-lume tinha que se concentrar, visualizar a flor que queria, saber exatamente seu tamanho, quantas pétalas e qual o seu perfume. Depois, esforçar-se para que ela se materializasse e ainda ter perseverança para que ela sobrevivesse. Decidiu que faria uma flor pequenina, de quatro pétalas, amarela com o perfume do mar. E fez. Enquanto todos os alunos já estavam fazendo arbustos e árvores enormes, o vaga-lume estava ainda na sua flor amarela, fazendo-a infinitas vezes, e o professor não o permitia tentar nada de novo. Ficou emburradíssimo, fazia as flores agora por pura obediência. E não se conformava em ser o pior aluno da classe e não ter emoção alguma no seu trabaho de repetição. Ele era muito distraído, não havíamos comentado isso, mas sempre que podia, saía para tomar ar. Dada a sua lastimosa situação, resolveu então que de agora em diante, sentaria no fundo da classe (para não ser notado), e não arredaria os pés dali, faria mais mil flores amarelas, com toda satisfação, mesmo que esse trabalho durasse a eternidade, até que seu professor lhe desse uma nova tarefa. Acostumou-se a ser aquele que faz flores amarelas pequeninas, com quatro pétalas e cheiro de mar, pois fazia-as como ninguém. Foi com essa atitude que o professor o convidou a substitui-lo, pois era o aluno mais persistente que já tivera.
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