11/11/2010
As águas correm mais lentas o vale por onde caminho. Ainda é breu, talvez o alvorecer, ou a aurora, não distinguo, não tenho relógio, mas olhando melhor, vejo que as estrelas caem, deve ser a aurora. Vejo a bruma cobrindo as montanhas e o frio, gélido, perspassa meu corpo. Bebo um pouco da água, fria, boa, leve. É o rio de São Miguel. Vejo adiante uma espada encostada, beirando a água e fazendo-a turva na margem. É a espada do arcanjo. É para mim. Para realizar uma tarefa. Agaixo e reverencio. Entro em outro mundo de olhos fechados, por um momento. Tudo é luz incendiante, irradia do eixo para fora, a espada tem poder. Tento devolvê-la ao rio, ela não deita ao chão, ela volta como um imã. Tento novamente, mas há um campo magnético que a empurra para minhas mãos. Eu a deixo, ela fica parada no ar. Retomo-a. Coloco-a na minha cintura, apertada por meu cinto. Caminho. O sol começou a nascer. Subo a encosta. O rio se estreita. A água escassa. Agora não guio mais meus pés. Sinto medo. A bruma me encosta, ando em nuvens.
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