09/08/2010

Cojac


Era uma vez um gigante grotesco como ninguém. Seu nome era Cojac, ele nunca se casou. Esmurrava portas como ventania antecede temporal. Era grande e valente, comedor de crianças e lobos.

Lobos vinham de longe para visitá-lo, traziam esperança, mas Cojac sempre os comia. Quando alguma criança aparecia querendo fazer amizade, Cojac a engolia.


Era gordo porque comia crianças que comiam chocolates e, portanto digeria a gordura das vítimas. Os lobos não tinham contra-indicações.


Era sujo e raivoso também, nunca tomava um banho sequer. Nascera infeliz, gritava muitas vezes, nunca teve um animalzinho para lhe fazer companhia. Não tinha dotes, não queria aprender a fazer nada e punha-se a resmungar da sorte.


Cojac era mau, a ninguém interessava porque era rude e malvado, em nada acrescentava. Assim era, assim vivia. Acreditava na imutabilidade da vida.


Fora fraco para vencer, aceitava qualquer derrota, não experimentava nunca uma vitória. Não conhecia nada, não perguntava, não observava. Era limitado e sozinho.


Caminhava todos os dias, conhecia bem sua moradia, uma cabana em meio à floresta vazia. Alimentava-se às vezes de frutas silvestres e se irritava com o som dos pássaros que ouvia.


Sua sorte, como se previa, foi de mau agouro. Um dia estava em sua cozinha a preparar um mingau de criancinhas e ao debruçar-se no panelão, desequilibrou seu corpo, caiu dentro da comida e se espatifou. Morreu queimado. Derreteu-se na papa e acabou mole feito cinza.


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